Desemprego zero
Santa Cruz do Capibaribe, pequena cidade do agreste pernambucano, próxima da famosa cidade de Caruaru, possui índice de desemprego zero. E o que permite que esta pequena cidade nordestina consiga atingir tal façanha?
A inexistência de multinacionais na região e o desenvolvimento de milhares de micro e pequenas empresas, notadamente no setor da indústria de confecções, possibilitando aos seus habitantes colocar em prática algo em que o brasileiro é campeão mundial: a vocação empreendedora. De cada oito brasileiros da população economicamente ativa (PEA), um é empreendedor; para 140 japoneses economicamente ativos, um se dedica a empreender.
Devido à globalização neoliberal, ser moderno é adquirir high tech e demitir trabalhadores. Em Santa Cruz do Capibaribe o movimento é inverso: é um modelo de desenvolvimento com inclusão, que merece ser estudado pelas nossas lideranças políticas e econômicas comprometidas com o bem comum. Sua vocação microempresarial a torna bastante semelhante às regiões italianas que se destacam como os melhores do mundo naquilo que produzem.
A diferença entre a Itália e Brasil reside no fato de que lá existe um ´´mercado social´´, no qual todos os setores estão envolvidos sinergicamente, como conseqüência de políticas que privilegiam as microeempresas. Por exemplo, numa região italiana que produz sapatos, toda a economia está envolvida com o desenvolvimento deste setor como algo social, e não privado.
Pode parecer coincidência, mas o Brasil é o berço da Economia de Comunhão, talvez. Santa Cruz do Capibaribe parece ser um dos sinais a nos indicar que desenvolvimento com inclusão social passa necessariamente pelo fortalecimento da micro e da pequena empresa, através de uma cultura que coloque a pessoa humana no centro dos objetivos e das práticas política e econômica.
Alexandre Aragão é arte-educador e microempresário, membro do Movimento Humanidade Nova, setor do Movimento dos Focolares