No livro da vida, as páginas são viradas, uma a uma, lenta mas inapelável e ininterruptamente. Delas, depois de fechadas, restam apenas recordações, lições, e a consciência de sucesso ou decepção; ficam tristezas ou alegrias; fica a saudade ou o alívio emocional.
No livro da História do Brasil virou-se mais uma página. Tinha como título o caminho para o socialismo; estava aberta há quase vinte anos, aterrorizando os bem informados sobre o que se passou em outros lugares do mundo, ao trilharem o mesmo roteiro. Os brasileiros, porém, de forma firme, evidente, inquestionável, fecharam-na sem guardar saudade; e fizeram-no à sua moda - incruenta. Enquanto muitas nações, com o mesmo propósito, para tanto foram obrigadas a sofrer o derramamento de sangue fraterno, aqui isso foi feito de forma pacífica, nas urnas eleitorais, frias, criticadas, mas comprovadamente eficientes e isentas. Foi escolhido um candidato aparentemente sem chance alguma de ser eleito: um Deputado Federal pouco conhecido no País, que não contava com o fundo eleitoral, não tinha tempo de televisão, não integrava nenhum grupelho político, nem mesmo podia contar com o respaldo de um Partido tradicional; tinha ainda contra si o fato de ser visto como militar, categoria hoje tão malquerida entre nós que nem se anima a andar fardada pelas ruas; além do que, a guerra encetada contra ele, principalmente por professores e a imprensa, pintou-o perante a opinião pública como um monstro perigoso, assustador. Apesar de tudo, foi ele o vencedor. A seu favor contou apenas o fato de ser radicalmente contrário à página socialista. Por isso, e parece que só por isso, foi o escolhido pela maioria dos brasileiros.
Abre-se agora nova página no livro de nossa História e abre-se com imensa carga de esperança, com o intenso desejo de que os últimos resquícios do socialismo sejam escoimados dentre nós; que as promessas de liberdade civil, política, religiosa e econômica se tornem realidade; que esse povo possa voltar a ser feliz.
Muitas, por certo, serão as dificuldades, a maioria delas já anunciadas, mas pouco importa, porque muito forte é também o anseio por um futuro melhor, um futuro pacífico, sem a ameaça de repetição de uma Cuba ou Venezuela entre nós, sem as dores do desemprego e da miséria.
Oxalá! Que Deus nos ajude!